Investigação

Sociedade Israelita se manifesta sobre episódio de desenho de suástica em sala da UFSM

Michelli Taborda

A Sociedade Beneficente Israelita de Santa Maria divulgou, nesta quinta-feira, umanota oficial com o posicionamento da instituição sobre um caso recente de apologia ao nazismo ocorrido em Santa Maria. 

Na quinta-feira passada, dia 17, alunos do curso de Direito da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) registraram uma ocorrência na Polícia Federal depois de terem chegado à sala do Diretório Acadêmico do curso e encontrado desenhos de cunho nazista dentro da sala. A Polícia Federal investigou o caso e, de acordo com o inquérito, não foi identificado crime de racismo. 

No documento, enviado ao Ministério Público Federal (MPF), a PF cita que foram encontrados, nas paredes da sala, outros desenhos de cunho político e entendeu que o local "é de livre manifestação dos alunos". Segundo o inquérito, houve crime de dano ao patrimônio público federal, já que os alunos não poderiam ter feito os desenhos nas paredes da sala. Nesta tarde, o MPF encaminhou o inquérito, novamente, à PF, que deve fazer novas diligências.

Foto: Reprodução

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De acordo com Bruno Seligman de Menezes, presidente da associação "esse não teria sido o primeiro episódio de apologia ao nazismo em Santa Maria". O advogado cita a colocação do livro Minha Luta – uma autobiografia de Adolf Hitler – na vitrine da Livraria da Mente, no centro da cidade. Segundo ele, "quando uma obra desta natureza é chamariz, significa que o racismo é um produto vendável".

Por telefone, a Livraria da Mente informou à reportagem do Diário que não iria comentar o caso.

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A nota da associação termina com um pedido à comunidade: uma corrente de respeito e tolerância, no intuito de acabar com os discursos de ódio.

Abaixo, leia um trecho da nota da sociedade israelita publicada no Facebook.

"NOTA DA SOCIEDADE BENEFICENTE ISRAELITA DE SANTA MARIA - ANTISSEMITISMO EM SANTA MARIA

Nas duas últimas semanas, o mundo assistiu estarrecido à marcha racista ocorrida em Charlottesville. Com palavras de ordem, cartazes e cânticos supremacistas, buscavam afirmar a superioridade do homem branco, cristão, heterossexual.Movimentos como este crescem em meio a um mundo de intolerância e ódio. Os acontecimentos hediondos que marcaram a metade do século XX de nada serviram de aprendizado de tolerância e respeito ao próximo.

O que não contávamos, entretanto, é que tais fatos chegariam a Santa Maria. No último mês, dois episódios chamaram a atenção da Sociedade Beneficente Israelita de Santa Maria, ambos devidamente documentados abaixo, e com o acompanhamento próximo da Federação Israelita do RS.

O primeiro, foi a exposição do livro "Minha Luta", de Adolf Hitler, na vitrine da Livraria Da Mente, no Calçadão de Santa Maria. Ainda que se admita a importância histórica deste livro, a acadêmicos e curiosos, o fato mais grave é sua exposição em uma vitrine. Quando uma obra desta natureza é chamariz, significa que o racismo é um produto vendável.

O segundo fato foi a denúncia responsavelmente feita por membros do Diretório Livre do Direito - UFSM, que ao chegar em sua sala - que é aberta a toda a comunidade acadêmica - depararam-se com desenhos de cunho nazista em suas paredes. Ainda sem a identificação dos responsáveis, o fato foi imediatamente comunicado à Federação Israelita de Santa Maria e à Polícia Federal - PF, que instaurou inquérito.Em pleno 2017, não se admitem desenhos desta natureza, nem mesmo como 'brincadeira'. Não se brinca com a memória de 6 milhões de judeus exterminados em campos de concentração.

O que mais assusta é que o 'ovo da serpente' esteja sendo chocado no berço da intelectualidade santamariense (livraria e universidade). 

[...] 

Por fim, importante referir que o povo judeu, ao longo dos anos, resistiu, mesmo sendo perseguido, desterrado, quase exterminado, com o único propósito de sobreviver. Em Santa Maria, berço da imigração judaica no Sul do Brasil, os primeiros colonos receberam uma gleba de terra improdutiva, e, com muito trabalho e esforço, fixaram raízes no coração do Rio Grande e se destacaram pelo comércio, pelas ciências e pelo pensamento.

Hoje, a Sociedade Beneficente Israelita de Santa Maria mantém em atividade uma Sinagoga, mesmo com poucas famílias judias em Santa Maria, mesmo com dificuldades, a fim de que possamos professar nossas crenças e reavivarmos nossas tradições.Não toleraremos qualquer atitude que vise minimizar a dor de nossos antepassados, ou de sufocar nossas raízes, crenças e cultura. Temos a plena confiança nas instituições que encabeçam as competentes investigações, bem como na Reitoria da UFSM - Universidade Federal de Santa Maria, na pessoa do Prof. Paulo Afonso Burmann.

Conclamamos a comunidade santamariense, gaúcha e brasileira, assim como nossos irmãos cristãos, muçulmanos, espíritas, umbandistas para juntos fazermos uma corrente de respeito e tolerância, sufocando discursos de ódio isolados, mas que põem em risco nossa existência pacífica.O fascismo, o nazismo e a intolerância NÃO PASSARÃO!

Santa Maria, 24 de agosto de 2017.
Bruno Seligman de Menezes
Presidente da SBISM"

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